Pode ser controlado com medicação e psicoterapia. É importante ressaltar
que um ataque de pânico pode não constituir doença (se isolado) ou ser
secundário a outro transtorno mental.
Sintomas
Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade,
caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e,
frequentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico a pessoa pode
desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a
evitá-las. Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem
nenhuma causa aparente. Os sintomas são como uma preparação do corpo para
alguma “coisa terrível”. A reação natural é acionar os mecanismos de fuga.
Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no
cérebro e nos membros usados para fugir — em detrimento de outras partes do
corpo.
Os sintomas são desencadeados a partir da liberação de adrenalina frente
a um estímulo considerado como potencialmente perigoso. A adrenalina provoca
alterações fisiológicas que preparam o indivíduo para o enfrentamento desse
perigo: aumento da freqüência cardíaca e respiratória, a fim de melhor
oxigenação muscular; e o aumento da freqüência respiratória (hiperventilação) é
o principal motivo do surgimento dos sintomas.
Durante a hiperventilação, o organismo excreta uma quantidade acima do
normal de gás carbônico. Este, apesar de ser um excreta do organismo, exerce
função fundamental no controle do equilíbrio ácido-básico do sangue. Quando
ocorre diminuição do gás carbônico ocorre também um aumento no pH sanguíneo
(alcalose metabólica) e, conseqüente a isso, uma maior afinidade da albumina
plasmática pelo cálcio circulante, o que irá se traduzir clinicamente por uma
hipocalcemia relativa (por redução na fração livre do cálcio). Os sintomas
dessa hipocalcemia são sentidos em todo o organismo:
- Sistema Nervoso Central: ocorre vaso-constrição arterial que se traduz
em vertigem, escurecimento da visão, sensação de desmaio.
- Sistema Nervoso Periférico: ocorre dificuldade na transmissão dos
estímulos pelos nervos sensitivos, ocasionando parestesias (formigamentos) que
possuem uma característica própria: são centrípetos, ou seja, da periferia para
o centro do corpo. O indivíduo se queixa de formigamento que acomete as pontas
dos dedos e se estende para o braço (em luva, nas mãos; em bota, nos pés),
adormecimento da região que compreende o nariz e ao redor da boca
(característico do quadro).
- Musculatura Esquelética: a hipocalcemia causa aumento da excitabilidade
muscular crescente que se traduz inicialmente por tremores de extremidades,
seguido de espasmos musculares (contrações de pequenos grupos musculares:
tremores nas pálpebras, pescoço, tórax e braços) e chegando até a tetania
(contração muscular persistente). Em relação à tetania, é comum a queixa de
dificuldade para abertura dos olhos (contratura do músculo orbicular dos
olhos), dor torácica alta (contratura da porção superior do esôfago), sensação
de aperto na garganta (contração da musculatura da hipofaringe, notadamente do
cricofaringeo), de abertura da boca (contratura do masseter e de músculos
faciais – sinal de Chvostec), e contratura das mãos (mão de parteiro – sinal de
Trousseau). São muito frequentes as cãimbras.
Adicionalmente, a hiperventilação é realizada através de respiração
bucal, o que traz duas conseqüências diretas: o ressecamento da boca (boca
seca) e falta de ar (ocasionada pela não estimulação dos nervos sensitivos
intranasais).
Tais eventos podem durar de alguns minutos a horas e podem variar em
intensidade e sintomas específicos no decorrer da crise (como rapidez dos
batimentos cardíacos, experiências psicológicas como medo incontrolável etc.).
Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter
outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico. Indivíduos com o transtorno
do pânico geralmente têm uma série de episódios de extrema ansiedade,
conhecidos como ataques de pânico.
Alguns indivíduos enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou
semanalmente. Os sintomas externos de um ataque de pânico geralmente causam
experiências sociais negativas (como vergonha, estigma social, ostracismo
etc.). Como resultado disso, boa parte dos indivíduos que sofrem de transtorno
do pânico também desenvolvem agorafobia.
Ocorrência
O sistema de “alerta” normal do organismo — o conjunto de mecanismos
físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça — tende a ser
desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente.
Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que
o T.P. ocorre com maior frequência em algumas famílias, e isto pode significar
que há uma participação importante de um fator genético na determinação de quem
desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este
transtorno não tem nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são
responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema
nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de
todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar,
memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode
levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos.
Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação
incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na
realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o
alarme em horas totalmente inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os
neurotransmissores que encontram-se em desequilíbrio são: a serotonina e a
noradrenalina.
O transtorno do pânico é um sério problema de saúde, mas pode ser
tratado. Geralmente ele é disparado em jovens adultos, cerca de metade dos
indivíduos que têm transtorno do pânico o manifestam antes dos 24 anos de
idade, mas algumas pesquisas indicam que a manifestação ocorre com mais
freqüência dos 25 aos 30 anos. Mulheres são duas vezes mais propensas a
desenvolverem o transtorno do pânico do que os homens.
O transtorno do pânico pode durar meses ou mesmo anos, dependendo de
como e quando o tratamento é realizado. Se não tratado, pode piorar a ponto de
afetar seriamente a vida social do indivíduo, que tenta evitar os ataques e
acaba os tendo. De fato, muitas pessoas tiveram problemas com amigos e
familiares ou perderam o emprego em decorrência do transtorno do pânico.
Alguns indivíduos podem manifestar os sintomas freqüentemente durante
meses ou anos e então passar anos sem qualquer sintoma. Em outros, os sintomas
persistem indefinidamente. Existem também algumas evidências de que muitos
indivíduos, especialmente os que desenvolvem os sintomas ainda jovens, podem parar
de manifestar os sintomas naturalmente numa idade mais avançada (depois dos 50
anos). É importante, entretanto, não alterar qualquer tratamento ou medicação
em andamento sem um acompanhamento médico especializado.
Para indivíduos que procuram tratamento ativo logo no início, grande
parte dos sintomas pode desaparecer em algumas poucas semanas, sem quaisquer
efeitos negativos até o final do tratamento.
Tratamento
O transtorno do pânico é real e potencialmente incapacitante, mas pode ser controlado. Em decorrência dos sintomas perturbadores que acompanham o transtorno do pânico, este pode ser confundido com alguma outra doença. Tal confusão pode agravar o quadro do indivíduo. As pessoas frequentemente vão às salas de emergência quando estão tendo ataques de pânico e muitos exames podem ser feitos para descartar outras possibilidades, gerando ainda mais ansiedade.
O tratamento do transtorno do pânico inclui medicamentos e psicoterapia.
Como os sintomas orgânicos principais são secundários à queda dos níveis
plasmáticos de cálcio secundários à hiperventilação, uma técnica simples pode
ser utilizada para controle rápido do mal estar: a reinalação de gás carbônico;
isso se consegue pela respiração em um saco plástico ou de papel, o que
ocasiona o aumento desse gás no sangue, a reversão da alcalose e a liberação do
cálcio ligado à albumina. A melhora dos sintomas é rápida e ocorre em cerca de
dois a três minutos. Não se deve esquecer de realizar a troca periódica do ar
dentro do saco (para que não exista queda acentuada do oxigênio!). A tontura ou
sensação de “cabeça vazia” pode demorar algumas horas ou até dois dias para
normalização.
O aprendizado de que o controle dos sintomas pode ser feito através do
controle da respiração ajuda em muito no tratamento a longo prazo da Síndrome
do Pânico.
Os profissionais de saúde mental que tipicamente acompanham um indivíduo
no tratamento do transtorno do pânico são os psiquiatras, psicanalistas,
psicólogos, conselheiros de saúde mental e assistentes sociais. Para prescrever
um tratamento medicamentoso para o transtorno do pânico, o indivíduo deve
procurar um médico (geralmente um psiquiatra).
A psicoterapia é tipicamente assistida por um psiquiatra ou um
psicólogo. Em áreas remotas, onde um profissional especializado não está disponível,
um médico de família pode se responsabilizar pelo tratamento.
O psiquiatra é, por formação, o mais preparado para a prescrição de
medicamentos e deve ser o profissional escolhido caso haja disponibilidade.
Medicamentos ou técnicas modernas podem ser utilizadas para quebrar a
conexão psicológica entre uma fobia específica e os ataques de pânico.
O sintomas da síndrome do pânico podem ser eliminados sem medicação por
meio de terapia comportamental monitorada ou simplesmente pela exposição. Geralmente
a combinação da psicoterapia com medicamentos produz bons resultados.
A depressão geralmente está associada ao transtorno do pânico, assim
como pode haver alcoolismo e uso de outras drogas.
Pesquisas sugerem que tentativas de suicídio são mais frequentes em
indivíduos com transtorno do pânico, embora tais pesquisas ainda sejam bastante
controversas.
Fonte: www.consultoriopsicologico.blog.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário