Resumo
A pressão da modernidade representada pela infinita busca da tecnologia, que
já trouxe fabulosos benefícios para todos nós, passou a atingir os
trabalhadores gerando, muitas vezes, conseqüências para sua saúde física e
mental. Atualmente, o conceito de acidente de trabalho já tem sido compreendido
por um maior número de pessoas que já identificam as doenças profissionais como
conseqüência de acidentes do trabalho. Contudo, o setor de segurança e saúde no
trabalho tornou-se multidisciplinar e tem como objetivo principal a prevenção
dos riscos profissionais.
Palavras-chave: Prevenção, Segurança e Saúde do Trabalho, Treinamento.
Introdução
As mudanças no mundo do trabalho advindas das inovações tecnológicas e
organizacionais têm incrementado significativamente a produção nas empresas,
eliminando assim tarefas penosas ou pesadas. Essa relação estabelecida entre o
homem e a tecnologia ocasionou novos riscos para a saúde dos trabalhadores,
tanto nos aspectos físico, mental ou social.
Tal processo passou a exigir dos trabalhadores uma maior qualificação e uma
crescente intervenção desses nos processos produtivos, o que conseqüentemente
tornou-os mais suscetíveis a acidentes de trabalho. Tanto as empresas, quanto o
Estado não tomaram postura diante de tal fato. Somente em meados dos anos 80
surge o campo da saúde do trabalhador no Brasil objetivando mudar o complexo
quadro da saúde.
Apesar de tantas transformações serem tão evidentes, ainda fica difícil de
serem captadas e apreendidas pelos profissionais. Atualmente, ainda deparamos
com empresas desinformadas, desinteressadas ou até mesmo com dificuldades de
solucionar assuntos correlatos a acidentes de trabalho. Diante desse fato, este
artigo busca contribuir abordando a importância da Medicina e Segurança do
Trabalho Preventiva.
Desenvolvimento
A relação entre o trabalho e a saúde/ doença surgiu na antiguidade, mas
tornou-se um foco de atenção a partir da Revolução Industrial. Afinal, no
trabalho escravo ou no regime servil, inexistia a preocupação em preservar a
saúde dos que eram submetidos ao trabalho. Os trabalhadores eram equiparados a
animais e ferramentas.
Com a Revolução Industrial, o trabalhador passou a vender sua força de
trabalho tornando-se presa da máquina e da produção rápida para acumulação de
capital. As jornadas eram excessivas, em ambientes extremamente desfavoráveis à
saúde, aos quais se submetiam também mulheres e crianças. Esses ambientes
inadequados propiciavam a acelerada proliferação de doenças
infecto-contagiosas, ao mesmo tempo em que a periculosidade das máquinas era
responsável por mutilações e mortes.
Através dos tempos, o Estado passou a intervir no espaço do trabalho
baseando-se no estudo da causalidade das doenças. Assim, toma figura o médico
do trabalho que vai refletir na propensão a isolar riscos específicos e, dessa
forma, atuar sobre suas conseqüências, medicando em função de sintomas e sinais
ou, quando muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. A partir
daí houve uma crescente difusão da Matéria de Segurança e Medicina do Trabalho.
No Brasil, a legislação trabalhista compõe-se de Normas Regulamentadoras,
Normas Regulamentadoras Rurais e outras leis complementares, como portarias,
decretos e convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho.
Devido ao fato de ter surgido e se mantido a sombra da legislação, muitos de
nós não demos a devida importância a Segurança do trabalho. Limitamos a mera
leitura da legislação sem preocuparmos com a interpretação e a cultura
prevencionista. Ainda existe uma gama de instituições empresariais que só
implantam os programas exigidos por lei para terem os documentos e papéis em
seus arquivos com o objetivo de apresentar aos Fiscais do Trabalho, em caso de
Fiscalização.
Felizmente um maior número de pessoas já compreende que as doenças
profissionais são aquelas decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos
ambientais, ergonômicos ou de acidentes.
O setor de segurança e saúde tornou-se multidisciplinar e busca
incessantemente prevenir os riscos ocupacionais. Esta é a forma mais eficiente
de promover e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Nesse
aspecto se destaca os profissionais da área, composto por Técnico de Segurança
do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e
Enfermeiro do Trabalho. Estes, por sua vez, atuam na eliminação ou neutralização
dos riscos, prevenindo uma doença ou impedindo o seu agravamento. Para tanto, é
necessária a antecipação dos riscos que envolvem a análise de projetos de novas
instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já
existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de
proteção para sua redução ou eliminação. Outra etapa do processo de prevenção é
a de reconhecimento dos riscos. Nesse caso, o risco já está presente e será
preciso intervir no ambiente de trabalho. Reconhecer os riscos é uma tarefa que
exige observação cuidadosa das condições ambientais, caracterização das
atividades, entrevistas e pesquisas. A adoção das medidas de controle, também
se torna necessária para a etapa da prevenção. Neste caso o Engenheiro de
Segurança deverá especificar e propor equipamentos, alterações no arranjo
físico, obras e serviços nas instalações, procedimentos adequados, enfim, uma
série de recomendações técnicas pertinentes a projetos e serviços de
engenharia.
Além dessas etapas, por parte do empregador, é de fundamental importância o
treinamento dos empregados para a correta utilização dos Equipamentos de
Proteção Individual ou Coletiva. A empresa deve treinar o trabalhador com
recursos próprios, ou por meio dos fabricantes de EPI’s que já fazem este
trabalho gratuitamente, através de palestras ou mini cursos. Portanto, a
inspeção no local de trabalho é procedimento essencial de antecipação
intempéries em relação à Segurança e Medicina do Trabalho.
Eliminando-se as condições inseguras e os atos inseguros é possível reduzir
os acidentes e as doenças ocupacionais. Esse é o papel da Medicina e Segurança
do Trabalho Preventiva.
Conclusão
Qualquer empresa que queira realmente melhorar a qualidade de vida dos seus
colaboradores deve estar disposta a ouvir sua equipe, dar possibilidade do
indivíduo expor suas súplicas, fortalecendo desta forma uma relação de trabalho
confiável e saudável. Após abrir este importante canal de comunicação, a
empresa deverá fazer um levantamento criterioso dos problemas que acometem a
equipe como um todo, visualizando sua real existência e verificando suas
incidências. Uma vez realizado este reconhecimento da saúde geral dos
trabalhadores, devem-se levantar os problemas mais comuns e fazer um estudo
individualizado para descobrir de que forma estão ou não relacionados às
rotinas de trabalho de cada um, sendo importante nesta fase o auxílio de
profissionais preparados para esta compreensão.
Uma vez realizado todo este levantamento e análise, deve-se agir tentando
eliminar os fatores de risco e caso isso não tenha sido possível, deve-se
proteger os colaboradores dos riscos, muitas vezes adotando uso de EPI’s mais
adequados, orientações de forma de trabalho e fomentando este indivíduo de
recursos de proteção direcionada, e por último, após todas estas ações deve-se
investir num mecanismo de defesa e preparo para a função, adaptando todo o
posto e o indivíduo.
Portanto, a maneira mais eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar
os riscos. Isso se faz com uma política de segurança e saúde dos trabalhadores
que tenha por base a ação de profissionais especializados, antecipando,
reconhecendo, avaliando e controlando todo o risco existente.
Referências bibliográficas:
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- www.areaseg.com: acesso em 21 de agosto de 2006.
- www.scielo.br: acesso em 21 de agosto de 2006.
- www.caixa.gov.br: acesso em 23 de agosto de 2006.
Autora: Thalita Alvarenga Rainato
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