A psicologia se caracteriza por ser um campo
de conhecimento sem um paradigma aceito por toda a comunidade. Neste sentido
não se fala em uma psicologia, mas em várias psicologias. Entretanto, no escopo
deste trabalho, o campo teórico adotado será o da análise do comportamento
aplicada, adotando como instrumento básico de estudo a análise funcional. Para a terapia comportamental tanto os comportamentos
considerados adequados quanto os considerados inadequados são resultados de
processos complexos de aprendizagem.
Elementos Básicos de Análise
Os elementos básicos da análise funcional são
os estímulos antecedentes, as respostas (ações dos organismos) e
conseqüências (mudanças que seguem a emissão da resposta e que alteram a
probabilidade de ocorrência da mesma). Também é levado em conta
na análise os eventos que podem abranger características genéticas, estados de
privação, fatores orgânicos e fisiológicos. No trabalho clínico a análise
funcional envolve pelo menos três momentos da vida do cliente, a serem
analisados por todo processo terapêutico: história de vida, comportamento atual
e a relação terapêutica.
A Psicoterapia
Skinner coloca a psicoterapia como
mais uma agência controladora (além do governo, religião e outras) porém não
organizada como as outras, mas constituindo-se uma profissão que lida com os
comportamentos do campo da emoção (respondentes) e comportamentos operantes. O
campo de atuação desta psicoterapia são nas situações onde existem
comportamentos inconvenientes ou perigosos para o sujeito ou para o grupo. O terapeuta comportamental utiliza em seu
trabalho algumas técnicas e procedimentos mais ou menos padronizados em seu
trabalho:
Audiência
não punitiva: esta tem um papel
importante no curso da terapia por possibilitar que os comportamentos que até
então estavam reprimidos comecem a aparecer no repertório do cliente, podendo
então ser trabalhados e discutidos na terapia. Posteriormente alguns efeitos
relativos à punição destes comportamentos podem começar a ter extinção, sendo
este um dos principais resultados da terapia. Este tipo de
procedimento é colocado por Skinner como sendo comum a psicoterapia em geral;
Sugestão
de manejo de contingências: O terapeuta pode sugerir ao cliente esquemas
ou rotinas que afetem as contingências que podem estar controlando determinado
comportamento do cliente. Posteriormente o autor detalhou mais
esta questão relacionando estas sugestões com os operantes verbais onde elas
podem adquirir propriedades de: Conselhos em forma de ordem (faça isto), ou de
conselhos em forma de descrição (se você fizer isto, aquilo pode acontecer);
Administração
de reforços:
apesar de uma pequena parte da vida do clientes se passar na terapia,
reforçadores podem ser usados para comportamentos sociais e principalmente
verbais, através de modelagem mútua nos encontros face a face.
O Papel do Terapeuta Nesta abordagem cabe ao terapeuta identificar as causas mantenedoras dos problemas do cliente e fornecer meios para que os objetivos dos clientes sejam alcançados. Neste sentido o papel do terapeuta é de identificar, através de inferências, as relações funcionais dos comportamentos utilizando como dado a própria sessão terapêutica e a relação terapêutica. A relação terapêutica pode ser um fator de influência positiva quando o terapeuta tem uma participação efetiva no tratamento no sentido de que tendo se desenvolvido uma relação terapêutica positiva, o cliente se sente confortável o suficiente para fornecer as informações necessárias para a terapia. Existe uma diferença entre o conhecer por compreensão (quando o organismo obteve as conseqüências reforçadoras) ou conhecer por descrição (quando as consequências foram ensinadas). Isto é chamado de comportamento modelado por contingências e comportamento governado por regras. O papel do terapeuta tendo em vista esta questão não é de simplesmente oferecer novas regras aos seus clientes, mas lançando mão de doses “homeopáticas” de algumas pequenas regras, fáceis de serem seguidas e com alta probabilidade de receberem reforços, terem um objetivo maior de que os clientes possam formular suas próprias regras, para que não mais necessitem do terapeuta no futuro, quando surgirem novos problemas. Por fim, sendo que a análise funcional se dá durante todo o processo terapêutico, não existe a necessidade da utilização de rótulos em termos de uma classificação nosológica. Esta não se mostra útil para um prognóstico do caso e serve apenas para a comunicação entre profissionais de diferentes áreas.
Dificuldades
A Análise do
Comportamento aplicada na clínica se depara com alguns problemas de controle de
variáveis, o que difere do que acontece nos laboratórios experimentais. As
dificuldades são de identificação das unidades de análise, de definição de
eventos antecedentes e conseqüentes e de falta de informações para a definição
destas classes. Nos trabalhos com grupos, onde a análise funcional também á
aplicada, também são apontados problemas relativos a julgamentos influenciados
por fatores culturais e pessoais.
A pesquisa em terapia comportamental
Tendo em vista as dificuldades
relatadas acima, então, ressalta a importância da documentação e avaliação
sistemática dos casos clínicos. Há a necessidade de
se gravar e transcrever as sessões para posterior análise onde se irá descobrir
as variáveis atuantes do processo terapêutico. Se tratando de uma pesquisa em
clínica estes procedimentos se tornam ainda mais necessários, pois o controle total
nunca é possível. Além disto, na utilização da análise funcional em uma
pesquisa clinica, a investigação basicamente se apresenta como um estudo de
caso, onde as formas de pesquisa ainda estão
em aberto, necessitando de criatividade por parte do pesquisador e respaldo na
literatura. O estudo de caso é a forma ideal para se aumentar o
corpo de conhecimento em terapia comportamental podendo ser feita com
delineamento experimental (tratamento testados num único sujeito, onde o
comportamento do sujeito serve como seu próprio controle) ou naturalístico
(utilizado quando não se tem controle das variáveis, sendo feito de modo
narrativo, sistemático e temporal).
Fonte: www.redepsi.com.br
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